sábado, 26 de dezembro de 2009

As promessas de Deus

“Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” João 16:33.

O Senhor Jesus previu que os seus discípulos seriam afligidos neste mundo. De uma maneira geral todos sofrem aflições em maior ou menor escala neste mundo, e os crentes em Cristo não são exceção, mesmo gozando da vida eterna em comunhão com Deus e sendo adotados por Ele como filhos.
O crente sofre ainda outras aflições por estar no mundo, sem ser do mundo: o mundo se torna seu inimigo, e o persegue como também perseguiu ao seu Mestre e Senhor, trazendo ao crente ainda maiores aflições. Mas o Senhor Jesus nos anima dizendo que como Ele venceu o mundo, também nós o poderemos fazer. A força que nos falta nos será dada pelo Espírito Santo que está em nós.

Lembremos algumas das promessas dadas aos afligidos:

1. Dias melhores: “Cantai ao SENHOR, vós que sois seus santos, e celebrai a memória da sua santidade. Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida; o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30:4-5). Nosso Deus é um Pai misericordioso, a Quem devemos cantar louvores lembrando a Sua santidade. Se Ele nos disciplina como um pai disciplina ao seu filho, não é por muito tempo. Quando passamos por uma noite de aflição, sabemos com certeza que a aurora virá novamente trazendo alegria pela manhã.

2. Livramento: “Os olhos do SENHOR estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor.... Os justos clamam, e o SENHOR os ouve e os livra de todas as suas angústias… Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR o livra de todas. Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se quebra.” (Salmo 34:15,17,19-20). Deus sabe bem tudo por que estamos passando, e está atento ao que lhe pedimos: isto é um imenso privilégio do qual gozamos. O justo sofre muitas aflições, às vezes mais do que o incrédulo, mas o SENHOR o livra de todas, dando-lhe consolo para a angústia da alma enquanto aqui se encontra, e felicidade eterna quando deixar esta terra.

3. Cuidado nas enfermidades: “O SENHOR o sustentará (aquele que atende ao pobre) no leito da enfermidade; tu renovas a sua cama na doença.” (Salmo 41:3). Como o Senhor Jesus disse: “bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. Esta é uma promessa específica para os que têm compaixão pelos pobres e necessitados e os atendem. Deus os recompensará quando estiverem enfermos, suavizando o seu sofrimento.

4. Morada no céu: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar.” (João 14:1-2) A perturbação é conseqüência da aflição. Os discípulos iam se perturbar com os eventos que se seguiriam, mais ainda com a ascensão do seu Mestre ao céu deixando-os aqui. Também ficamos perturbados com aflições como doença, desastres, perseguição. O Senhor Jesus sabe disto, e nos indica o remédio: confiar na Sua palavra, assim como cremos em Deus. Crer em Deus indica sabedoria, não ser néscio como o ateu. Mas crer em Cristo é mais ainda: é ter certeza da Sua identidade como o Filho de Deus, a Verdade a nós revelada, a Palavra, portanto tudo o que Ele disse é a realidade absoluta. É impossível fazer-nos compreender como é a casa do Deus-Pai. O imenso universo é obra de Deus e não chegamos a descobrir os seus limites. No livro do Apocalipse temos uma descrição da imensa Nova Jerusalém, e entendemos que as moradas a que o Senhor Jesus se refere se encontram ali. E Ele foi ali preparar um lugar para cada um dos seus remidos. Ele nos deu a Sua palavra, e ela não falha. Sabendo isto, por que ficar perturbados? As aflições por que passamos se tornam insignificantes diante dessa perspectiva.

5. As aflições resultarão em bem muito maior: “Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito… Pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.” (Romanos 8:28, 2 Coríntios 4:17, NVI). Coisas boas e ruins, claras ou escuras, doces ou amargas, fáceis ou difíceis, alegres ou tristes, prosperidade ou pobreza, saúde ou enfermidade, serenidade ou tempestade, conforto ou sofrimento, vida ou morte, enfim, todas as coisas são usadas por Deus para o bem daqueles que O amam. Muito disto são aflições duras, difíceis de suportar e mesmo incompreensíveis para nós, pois não temos uma visão global para nos mostrar o bem que produzem. Lembremos de Jó, de José, de Daniel, que viram o bem resultante do seu sofrimento ainda aqui na terra. Mas diante da glória eterna produzida pelos nossos sofrimentos, eles são leves e momentâneos. Quantos de nossos irmãos através da história sofreram atrozmente nas mãos dos ante-Cristos e com isso preservaram a luz do Evangelho para que milhões fossem salvos depois deles até os nossos dias!

6. A graça de Deus nos basta: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9). Quantas vezes temos rogado a Deus que nos tire algo que nos aflige, e Deus nos responde com uma negativa, assim como aconteceu com Paulo. Não precisamos, nem devemos, rogar pela graça de Deus, porque ela já está conosco. A companhia do Filho de Deus de que gozamos mediante o Seu santo Espírito em nós, e a força do Seu poder que Ele nos concede pela Sua graça, são muito melhores do que a simples remoção de provas e sofrimentos. Como fez Paulo, alegremo-nos por isso com nossas fraquezas para que o poder de Cristo repouse em nós.

7. Alegria pelo privilégio de sofrer pela fé em Cristo: “alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus” (1 Pedro 4:13-14). As aflições causadas pela nossa fidelidade ao nome de Cristo são prova de que sobre nós repousa o Espírito da glória de Deus. Isto nos deve alegrar, pois somos bem-aventurados, e nos regozijaremos e nos alegraremos na revelação da glória de Cristo, quando Ele voltar ao mundo. A nossa alegria nunca será interrompida, pois “Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4).

Familia Cristã

A família sempre tem ocupado um lugar central nos planos de Deus para esta terra. É pela família que Deus faz a Sua obra de salvação, em primeiro lugar, usando a família de Abraão para trazer o Salvador a este mundo e abençoar todas as famílias da terra (Gn 12:3; 18:18,19) e, nesta dispensação da graça, para formar a Sua igreja. É notável em Atos como as primeiras igrejas começaram pela conversão de famílias inteiras e lemos das casas de Cloe, Estéfanas e Crispo no começo da obra da igreja em Corinto, e das casas de Lídia e do Carcereiro no início da obra da igreja em Filipos. Até hoje, onde há duas ou três famílias salvas e de bom testemunho, não deve demorar a formação de uma igreja local, mas onde não há famílias salvas é quase impossível ver uma igreja estabelecida.

É um fato básico, mas importantíssimo, que a condição espiritual duma igreja local depende da condição espiritual das famílias que formam aquela igreja. Uma igreja é simplesmente uma família de famílias e qualquer problema de família já é um problema da igreja local.

Satanás é o grande inimigo de Deus e da Obra de Deus, e nestes últimos tempos tem procurado destruir a unidade básica da família no mundo e também tem atacado muito o testemunho da igreja na terra usando problemas de família. Todos nós reconhecemos que estes problemas estão aumentando e que o amor de muitos está esfriando e que os salvos não são isentos destes problemas. O Senhor nos tem deixado na Sua Palavra muitos exemplos, advertências e ensinos para nos guiar. Os que têm praticado estes ensinos têm provado o seu grande valor; os que têm negligenciado estes ensinos sofrem as conseqüências desta desobediência.

Não nos sentimos capacitados de ensinar outros sobre este assunto pessoal, mas temos uma preocupação que muitas igrejas não estão reconhecendo a gravidade da situação e da necessidade de combater os ataques satânicos que vem infiltrando a igreja do mundo pela mídia etc. Nossos jovens enfrentam grande pressão nas escolas e faculdades para conformar com as concupiscências do mundo e precisam entender o que Deus diz sobre este assunto. Por estas razões, preparamos esta pequena série de estudos bíblicos para ajudar principalmente a juventude cristã sobre este assunto e nossa oração é que sejam usados pelo Senhor na edificação espiritual do Seu povo. Queremos reconhecer a ajuda recebida nesta preparação pelos livrinhos "Série A FAMILIA" pelo irmão John Grant, agora sendo preparados por Shalom publicações.

O NAMORO

O homem sábio confessou que uma das coisas que não conseguia entender era "o caminho do homem com uma donzela"! (Pv 30:18,19). De fato, esta fase é um mistério, pois o comportamento do casal, e principalmente do rapaz, muda completamente e os outros notam esta diferença.

1) O NAMORO ERRADO DE SIQUEM E DINÁ: (Gênesis 34).

Em Gênesis 34:8 lemos que a alma de Siquém estava "enamorada" fortemente de Diná, filha de Jacó. Assim, aprendemos que esta forte atração é da alma e por isto governa completamente os seus pensamentos e comportamento. Como há dois tipos de fogo, há dois tipos de namoro. Usamos o fogo controlado em casa cada dia, mas o fogo sem controle traz destruição e desastre. O namoro controlado é útil em descobrir a vontade de Deus para nossas vidas, mas se não houver controle, trará desastre.

Este exemplo de Siquém e Diná nos ensina lições importantes no sentido de advertência, porque este "namoro" foi sem controle e causou muita tristeza e sofrimento. Notamos no v. 1 como Diná saiu para passear na cidade onde morava. Ela não pensava em namorar, mas em "ver as filhas da terra". Parece que os pais deram esta liberdade para a moça sem pensar naquilo que podia acontecer. Hoje, no mundo, os jovens têm grande liberdade e os pais não procuram controlar os passeios e amizades dos seus filhos, e então ficam surpreendidos quando vêm os problemas. Pais salvos não devem imitar este erro e devem manter controle em casa sobre os passeios dos seus filhos. Devemos saber onde estão e com quem, marcar os horários de estar em casa e isto deve ser feito com explicação bíblica e no espírito de amor. Os filhos devem reconhecer que tais regulamentos são feitos para o seu bem, e devem obedecer a seus pais desta maneira ( Ef 6-.1-4).

Logo apareceu Siquém, um jovem rico e da alta sociedade, mostrando muito interesse em Diná. Ela sabia que não era permitido por Deus que Seu povo casasse com estrangeiros, mas Siquém era "diferente"! Muitas moças são enganadas neste sentido, mas a Palavra de Deus é clara e Ele sabe que o jugo desigual nunca produz um casamento feliz e útil (2 Co 6:14.15). O propósito do namoro certo é para descobrir a vontade de Deus sobre nosso casamento, e a Sua Palavra revela que o jugo desigual nunca é a Sua vontade e que não há caso "diferente". Nem precisamos orar sobre este assunto, e não devemos começar tal namoro. Se já estamos envolvidos com descrente, devemos parar logo com o namoro. "Isto", pois com certeza trará conseqüências desagradáveis mais tarde.

O namoro com Siquém logo saiu do controle e caíram na prostituição (v.2) e o "passeio" de Diná trouxe grande pecado e desastre. Embora os irmãos de Diná acusaram Siquém de ter forçado a moça, é claro que ela estava de acordo com tudo que aconteceu, pois estava com ele depois na sua casa (v,26). Notamos que, embora que Siquém, amou a jovem e queria casar-se com ela, o seu pecado foi "uma loucura em Israel ...o que se não devia fazer" (v.7). O pecado de prostituição significa ter relações sexuais antes do casamento, e mesmo se é com a mesma pessoa com quem vamos casar-se depois, é grave pecado perante o Senhor e traz humilhação e conseqüências tristes para o casal (1 Ts 4:3-8- Hb 13:4). O fato que o mundo hoje considera estes relacionamentos como "normal", e até providencia meios para que os jovens possam evitar ter filhos, pelo ato, não diminui a sua gravidade perante Deus. O salvo que namora descrente está em grande perigo de cometer imoralidade, porque há DUAS naturezas carnais, mas só UMA natureza espiritual nesta amizade.

Vemos como Siquém ofereceu pagar dote maior para casar com Diná (v. 12) e até estava disposto a aceitar a circuncisão exigida pelos irmãos de Diná (v.24). Ele fingiu uma conversão ao judaísmo para conseguir a moça em casamento, mas o seu motivo não era espiritual, mas material, pois falou de como seu povo iria conseguir os bens de Israel caso aceitasse esta maneira de casamento misto (v.23). Muitas moças salvas são enganadas por moços que mostram interesse no Evangelho, e vem às reuniões e até fazem uma "decisão" de ser crente. Neste caso, a moça quer acreditar que ele é salvo mesmo, mas muitas vezes não é, pois só quer o casamento e depois de conseguir logo revela que seu coração nunca foi regenerado. A moça tem culpa neste caso, pois namorou o descrente quando era para deixar até que houvesse provas claras de conversão real. O único motivo válido numa conversão real é o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, mas o coração é muito enganoso e "conversões" deste tipo geralmente não duram muito tempo.

As conseqüências tristes deste "namoro" errado de Diná são advertências suficientes para alguém salvo, que está sendo tentado por Satanás a formar amizade íntima com descrente. A única coisa certa é para deixar tal relacionamento errado e esperar no Senhor.

2.O NAMORO CERTO DE BOAZ E RUTE: (Rute 2).

Deus também nos deixou exemplos bons neste assunto, e Boaz e Rute servem como exemplos bom dum casal que controlou sua amizade e que foi ricamente abençoado pelo Senhor no seu casamento. Nós usamos a palavra "namoro" neste caso com cuidado e não como o mundo fala hoje.

Rute já era viúva, mas ainda nova e sem filhos. Ela voltou de Moabe com Noemi, sua sogra, e era verdadeiramente convertida ao Deus de Israel ( Rute 1: 16,17). Boaz também era homem de Deus, solteiro, rico, que esperava no Senhor.

Rute precisava de marido, mas não precipitou-se em procurá-lo. Ela saiu para trabalhar e foi guiada pelo Senhor ao campo de Boaz. As moças crentes muitas vezes procuram atrair os rapazes pelo seu modo de vestir, enfeitar e agir etc., mas esta vaidade vem da carne e não do Senhor, e um rapaz espiritual não será atraído à tal moça.

Boaz observou Rute e notou seu caráter espiritual e ouviu suas boas obras (v.s 5,1 1). Ele ajudou Rute e lhe deu proteção, sustento e conforto, mas esperava no Senhor e não havia nada de pressa ou da paixão carnal. Podemos deduzir de 3: 1 que Boaz não era mais jovem, e que não agiu precipitadamente em razão de sua idade. Com tempo, a amizade desenvolveu e o amor verdadeiro se manifestou em toda a santidade, respeito mútuo e pureza. O amor verdadeiro nunca vai humilhar a pessoa que ama, mas quer o seu bem e felicidade.O casal estava procurando saber a vontade do Senhor e chegou a entender Seu plano para suas vidas em casamento. Havia obstáculos, mas foram vencidos pelo poder de Deus e casaram "no Senhor". Foi um casamento feliz e Deus abençoou sua união matrimonial no nascimento de um filho chamado Obede, que se tomou pai de Jessé, avô de Davi (4:13,21,22). Assim, este casal se tornou parte da linhagem humana do nosso Senhor Jesus Cristo ( Mt 1 :5-16).

Este casal serve como exemplo para os jovens hoje. Devemos observar e conhecer o caráter da pessoa que nos atrai. A atração apenas física não é o suficiente para compreender a vontade de Deus para nosso casamento. Mesmo que a pessoa seja salva, isto não é suficiente para provar que é a pessoa "designada" para nós (Gn 24:14;44). Uma maneira de conhecer melhor o caráter e prioridades da pessoa sem qualquer influência de emoção é pelas cartas escritas. Com o tempo, observação e oração, nós vamos saber no coração se esta amizade é a vontade de Deus ou não. Se tivermos dúvidas, seria melhor parar e esperar mais no Senhor (1 João 3:19-22). O conselho de pais e presbíteros deve ser procurado e recebido humildemente. Deus tem um plano para nossa vida e nem sempre o casamento é parte deste plano, mas se for a Sua vontade para nós, Ele revelará Seu plano no tempo certo (Sl. 32:8,10; 37:3,5).

O NOIVADO

As palavras "noivo" e "noiva", achadas muitas vezes nas Escrituras referem-se aos casais "DESPOSADOS", que era na cultura dos judeus o estado antes do casamento semelhante ao "noivado" da nossa cultura (Is 62:5). O "desposado" era mais constringente sendo reconhecido perante a lei e somente podia ser desfeito no caso de infidelidade sexual que podia ser punida com até a morte dos culpados (Dt 20:7; 22:23-29, Mt 1: 19).

O desposado começou com uma cerimônia entre as duas famílias quando o valor do pagamento, chamado o "dote", foi combinado e pago pelo homem aos pais da moça. Também nesta ocasião os noivos trocaram presentes. Em certos casos um contrato de trabalho manual foi aceito pelos pais em lugar deste pagamento, como no caso de Jacó e Raquel (Gn 29:18-20). O tempo do desposado durava mais ou menos um ano e durante este tempo o rapaz era dispensado do serviço militar (Dt 20:7) e o casal podia arrumar sua morada futura e geralmente a noiva fazia a sua veste nupcial. Embora chamados de "marido" e "mulher" desde o começo do desposado, não viviam juntos e não tinham relações sexuais durante este tempo. Esta parte era rigorosamente guardada pelo casal e a moça tinha que provar que era virgem quando casou oficialmente no fim do desposado (Dt 22:13-21).

No dia do casamento oficial, os convidados chegavam às BODAS na casa dos pais do noivo. O noivo, acompanhado pelos seus amigos, saía tarde para encontrar com a sua noiva. As amigas da noiva esperavam a sua chegada e quando chegasse avisavam a noiva e os dois grupos iam para as bodas onde havia o casamento oficial e a recepção com o banquete que era celebrado com festividades e brincadeiras e que durava às vezes até por sete dias (Juizes 14:10-12; Mt 22:1-4; 25:1-6).

Embora o desposado do oriente fosse mais formal que o noivado que conhecemos, há aplicações importantes para os jovens salvos pensando em casamento.

1. O PROPÓSITO DO NOIVADO

Como o desposado dava um tempo para o casal preparar-se para o dia do casamento, hoje o casal, tendo a certeza que o casamento é a vontade de Deus para eles, geralmente ainda precisa dum tempo de preparação. Seria possível casar sem ter este tempo de noivado, mas a maioria de casais jovens tem pouco recurso financeiro e precisa dum tempo de preparação antes do dia do casamento.

Nunca devemos entrar nesta fase de noivado se tivermos qualquer dúvida sobre o casamento, pois é promessa séria e geralmente começa quando o rapaz conversa com os pais da moça sobre o seu desejo de casar-se com ela; e, sabendo que estão de acordo, dá uma "aliança" de ouro a ela como símbolo da firmeza desta promessa de casamento. Assim, os noivos começam a se prepararem para o dia do casamento.

Não podemos mencionar aqui todas as preparações necessárias para o dia, pois haverá preferências pessoais sobre a ordem do casamento, mas haverá a parte civil, e geralmente a parte espiritual e a parte social para planejar.

Com certeza o casamento trará mudanças e durante o noivado o casal deve procurar a vontade de Deus sobre onde vai morar e servir ao Senhor depois do casamento. O plano de Deus é que a nova família more numa casa diferente que seus pais, onde podem organizar a sua vida conjugal guiado por Deus e com a devida independência dos seus pais (Gn 2:24). Os pais do casal devem aceitar estas mudanças e deixá-los fazer a vontade de Deus. Lembramos aqui o exemplo de Rebeca e seus pais que entenderam que a vontade de Deus foi que ela mudasse longe para casar com Isaque e para servir ao Senhor em outro lugar (Gn 24:55-61). A nova morada deve estar perto de onde o casal pode reunir-se com outros irmãos para ajudar no serviço do Senhor (Hebreus 10:25) e normalmente isto será na igreja onde um ou ambos já são membros. Contudo, a possibilidade do casal mudar neste tempo para outro lugar para ser mais útil numa igreja menor deve ser considerada na presença de Deus.

2. A PUREZA DO NOIVADO (Mt 1:18-25)

Nos dias em que vivemos é necessário enfatizar este aspecto, pois o mundo muitas vezes não espera o casamento. Os judeus eram muito zelosos na pureza durante o desposado e o exemplo de José e Maria serve bem para nós entendermos a vontade de Deus neste respeito. José ficou preocupado com a gravidez de Maria e sabia que ele não era o responsável, pois nunca tiveram relações. Suspeitando a infidelidade dela, José pensava em desfazer o desposado de acordo com a lei, mas sendo ensinado pelo Senhor logo aprendeu a verdade deste caso milagroso e eles casaram-se de acordo com a Palavra do Senhor. Assim, Deus usou este casal puro para trazer Seu Amado Filho ao mundo e Maria era virgem até depois do nascimento do Senhor Jesus Cristo.

Nunca devemos cair na tentação que porque vamos casar brevemente podemos adiantar neste sentido. As relações sexuais antes do casamento são prostituição que é proibida, e será julgada pelo Senhor (1 Co 6:18-20; 7:9; 1 Ts 4:3,6; 1 Tm 4:12; Hb 13:4) e assim quem teme ao Senhor nunca vai ceder a esta tentação. Por esta razão a duração do noivado não deve ser mais que necessária para planejar o casamento e geralmente, como no caso do judeu, um ano é suficiente, mas pode ser mais ou menos de acordo com as circunstâncias pessoais do casal.

3. A PARÁBOLA DO NOIVADO (Ap 19:6-9)

Na Sua Palavra, Deus usa este estado para descrever a situação presente entre Cristo e Sua Igreja. A igreja é chamada a "NOIVA" do Senhor Jesus Cristo e as "BODAS do CORDEIRO" acontecerão no céu logo depois do tribunal de Cristo. Isto é muito precioso para os salvos e fala do amor verdadeiro que Cristo tem para conosco e da Sua promessa de voltar para receber-nos e do Seu desejo ardente de estar com a Sua igreja durante a eternidade. Também traz uma lembrança solene sobre como devemos viver neste tempo enquanto esperamos aquele dia. A igreja deve ser como uma "virgem pura a um só esposo, que é Cristo" (2 Co 11:2,3) e a mistura com o mundo é considerada como infidelidade ao Senhor (Tg 4:4,5).

Também como as noivas faziam durante o desposado as suas próprias vestes para seu casamento, nós estamos agora na fase de preparar o "linho finíssimo" que são "os atos de justiça dos santos" que será a nossa recompensa e glória futura na manifestação de Cristo com a Sua igreja (2 Co 5:9, 1 0; CI 3:4).

Esta solene comparação deve-nos ajudar a manter a pureza e santidade que o Senhor quer de cada um dos Seus, e também deve ajudar muito os jovens salvos a manter a pureza e santidade pessoal que Deus quer durante o seu noivado.

O CASAMENTO

Muitos dos servos de Deus nas Escrituras viviam vidas santas, felizes e úteis sem casar--se e ainda esta é a vontade de Deus para muitos hoje. Contudo, muitos outros servos de Deus nas Escrituras eram casados e esta é a vontade de Deus para muitos de nós. O casamento é "digno de honra" (Hb 13:4), e em nada menos santo do que o estado de solteiro. É importante que o jovem procure saber a vontade de Deus neste sentido porque este é sem dúvida o assunto mais importante depois da salvação da nossa alma.Embora que o casamento não existirá além desta vida (Mt 22:30), terá grande influência no nosso serviço para o Senhor durante esta vida, e este serviço terá recompensa eterna no céu. Assim, é de grande importância que o jovem salvo medite no que Deus diz sobre este assunto na Sua Palavra.

O PRIMEIRO CASAMENTO:

A Bíblia é o "manual' do Criador sobre este assunto e os muitos problemas que o mundo enfrenta neste sentido hoje são as conseqüências da sua desobediência aos ensinos de Deus. Um versículo chave neste assunto é Gn 2:24: "Portanto deixará o varão o seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne ". Estas palavras foram faladas por Deus na ocasião do primeiro casamento, logo depois da formação da mulher e quando o assunto de casamento é mencionado na Bíblia, Deus sempre volta para este princípio (Veja Mt 19:5; Mc10:7,8; 1 Co 6:16; Ef 5:31). Vamos observar alguns fatos importantes deste versículo:

A) Notamos, em primeiro lugar, que o casamento não foi inventado pelo homem, também, não é um rito da igreja, mas veio de Deus como parte da criação milhares de anos antes que houvesse igreja.

B) Deus falou aqui sobre os "pais” do homem, mas Adão e Eva não tiveram pais humanos! Este fato mostra que Deus estava instituindo princípios fundamentais para todos os casamentos e que estes princípios estão em vigor para nós hoje.

C) O fato que o homem "deixará" seus pais quando casar para "apegar-se à sua mulher" mostra claramente que a união do casamento é mais íntima e durável do que a união entre pais e filhos. Assim, a primeira responsabilidade dos casados não é mais para com seus pais, mas para com sua esposa ou marido. O casamento não produz uma família aumentada, mas uma nova família com sua própria autoridade guiada por Deus. Às vezes os pais do casal não querem reconhecer esta mudança de autoridade e procuram manter seus filhos casados em casa, mas o casamento nesta situação não pode funcionar como Deus quer.

D) Deus está presente em todos os casamentos como Testemunha, e Ele considera aquele pacto feito para a vida inteira (Veja também Malaquias 2:14-16). Assim devemos entender que esta união de ser “uma só carne" não pode ser desfeita por qualquer motivo, pois somente a morte pode anulá-la (Rm 7:1-3). Este fato foi ilustrado claramente pela maneira que Deus formou uma mulher da costela tirada do corpo do homem. Adão reconheceu que Eva era parte dele e que era "sua mulher" designada por Deus para a vida inteira. Ele viveu 930 anos, mas nunca lemos de outra mulher na sua vida. As mudanças que vieram mais tarde, como bigamia (Gn 4), poligamia (Gn 6), e divórcio (Dt 24) são desvios do plano de Deus para o homem e a mulher.

AS PRIORIDADES DO MARIDO E ESPOSA SÃO DIFERENTES:

Notando agora o contexto de Gn 2:24, vemos que havia diferenças nas responsabilidades do homem e da mulher desde a criação. Antes da formação da mulher o homem já tinha sido colocado no jardim para o lavrar e o guardar, e tinha recebido a ordem para não comer da árvore da ciência do bem e do mal, e tinha dado nomes a todo o gado e às aves dos céus (Gn 2:15-20). Isto mostra que Deus considera o homem como o responsável, ou seja, "cabeça” do lar, e a mulher como sua "auxiliadora”. Um bom exemplo disto é que mesmo que foi Eva que desobedeceu a Deus primeiro quando comeu o fruto proibido, Deus chamou Adão primeiro para prestar contas porque foi com ele que Deus tinha falado como o responsável pelo casal (Gn 3:6-9).

Do Novo Testamento aprendemos que quanto à nossa posição espiritual em Cristo, "não há macho nem fêmea” (Gl. 3:28), mas quanto à ordem na família e no trabalho, há diferença na responsabilidade e no trabalho. Em 1 Co 11:3, Paulo explica que o homem é o"cabeça da mulher" como Deus é o cabeça de Cristo. Esta frase merece mais consideração. Como é a união entre Deus e Cristo? Não é baseada na superioridade do Pai e na inferioridade do Filho, mas no amor perfeito entre Eles e na ordem necessária em efetuar o plano da redenção. Era necessário um sacrifício perfeito e Cristo voluntariamente fez esta parte. Ele foi "enviado" pelo Pai, mas também Ele "veio" espontaneamente. Assim, no casamento, não há parte superior que manda, há um só propósito em fazer a vontade de Deus, mas para efetuar este propósito há responsabilidades e trabalhos diferentes. O “unissex" do mundo procura desfazer esta ordem divina e somente traz confusão para a família. O resultado é que mais que a metade dos casamentos do mundo terminam em divórcio hoje trazendo incalculável sofrimento desnecessário.

Do novo Testamento também aprendemos que a responsabilidade principal da mulher no casamento é: "Vós mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor” e o exemplo dado disso é a submissão da igreja ao Senhor Jesus Cristo como Cabeça (Ef 5:22-24). Pedro explica que esta ainda é a responsabilidade da esposa mesmo quando seu marido for descrente (1 Pe 3: 1), mas esta submissão é "como ao Senhor” e assim será sempre dentro dos limites da Palavra de Deus (At 4:19).

A responsabilidade principal do marido é em amar a sua esposa como seu próprio corpo (Ef 5:25-28). A palavra "amar" aqui é ilustrada pelo amor de Cristo para com Sua igreja quando se entregou por ela. É o amor imerecido que não procura nada, mas que dá tudo. É o amor que não procura seus próprios interesses, mas o bem da pessoa amada. É o amor que nunca falha (1 Co 13:4-8). Não será muito dificel para a esposa submeter-se ao marido que cuida dela como Cristo cuida da Sua igreja!

Na maneira que os dois cumprem estas responsabilidades diferentes, o seu casamento será abençoado por Deus e a sua união crescerá em maturidade e felicidade.As falhas nestas responsabilidades trarão problemas para o casal no seu casamento e no seu serviço espiritual.

A PARTE FÍSICA:

Quanto ao lado físico, Deus também criou esta parte do casamento para o bem da família e da Sua Obra na terra, Notamos que a ordem divina para o primeiro casal "multiplicar-se" foi dada antes que o pecado entrasse no mundo (Gn 1:27,28). As relações conjugais dentro do contexto do casamento como expressão do verdadeiro amor, são aprovadas por Deus (Heb. 13:4) e consideradas como parte necessária para o bem estar do casal, para evitar a impureza (1 Co 7:2-5), e para a produção de filhos que futuramente servirão ao Senhor neste mundo (Gn: 18:18,19; Js 24,15, Sl 127:3-5).

Estes princípios divinos foram dados para a felicidade e utilidade do casal e o segredo dum casamento feliz é a obediência total a estas coisas. Satanás sabe o valor da família na Obra de Deus e tem substituído estes princípios com a sabedoria humana que até nega a existência do Criador e rejeita a Sua Palavra. Esta desobediência traz as conseqüências tristes que vemos nas famílias no mundo hoje.

Os jovens salvos contemplando o casamento e lendo estas coisas não devem exclamar como os discípulos exclamaram: "Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar" (Mt 19:10)! O casamento é bom. "O que acha uma esposa acha o bem e alcançou a benevolência do Senhor" (Prov. 18:22).Contudo, precisamos entender o que é o casamento e procurar entender qual a vontade do Senhor para nossa vida e esperar no Senhor até que possamos dizer com convicção, "isto procede do Senhor" (Gn 24:50). Mesmo obedecendo ao Senhor, haverá dias de “sol” e dias de "chuva” para o casal, mas a firme convicção que estamos fazendo a Sua vontade, nos dará a paz de Deus em qualquer circunstância.

FILHOS

Continuando na seqüência dos estudos sobre a família cristã, chegamos a um assunto que pode ser comparado como dar e receber uma injeção. Ninguém gosta de aplica-la ou recebê-la, mas todos concordam que a disciplina das crianças é necessária!

Em primeiro lugar seria bom lembrar que nem todos os casamentos produzem filhos, e muitos bons casais nas Escrituras tiveram problemas neste sentido, como Abrão e Sara, Isaque e Rebeca, Jacó e Raquel, Elcana e Ana, Zacarias e Isabel. Contudo, estamos pensando no caso comum de casais salvos que têm filhos para criar, onde o ensino deixado por Deus sobre este assunto é muito importante para Sua Obra.

1. LIÇÕES DO ANTIGO ESTAMENTO

Este assunto não é exclusivo dos nossos dias, pois o coração da criança não tem mudado desde que Caim nasceu, e seria útil lembrar alguns exemplos e ensinos do Antigo Testamento.

Achamos exemplos de pais que criaram bem seus filhos, como Abraão (Gen 18:18, 19) e Jó (Jó 1) etc. Também Deus tem nos deixado advertências aos pais que não criaram bem seus filhos, com conseqüências tristes nas suas vidas, como Ló - (Gn 19) e Eli (1 Sm 2-4) etc.

Os judeus levavam muito a sério este assunto, e um filho rebelde que trazia vergonha para seus pais podia ser condenado à morte (Dt 21:18-21). As crianças pequenas ficavam sob os cuidados da mãe, mas quando possível os meninos acompanhavam seus pais ao trabalho, onde aprendia deles no campo, na carpintaria, como pastores de ovelhas etc., enquanto as meninas aprendiam em casa com suas mães na cozinha,na horta, na costura etc. Assim, cada um tinha sua profissão e trabalho, e desde pequeno contribuía para o serviço da casa. Havia também tempo de brincar com brinquedos simples feitos de madeira, palha; outras vezes as crianças brincavam nas praças imitando seus pais em fazer "casamentos", "sepultamentos", etc., ( Mt 11:16,17).

Uma parte especial neste treinamento era a educação espiritual das crianças (Dt 6:6), onde a Palavra de Deus era ensinada pelos pais e decorada pelos filhos em casa e na escola. Além disto, havia ocasiões durante o ano quando a família viajava para reunir-se em adoração e para ouvir a Palavra de Deus lida e explicada na Casa de Deus ( Dt 16:11; 1 Sm 1:3,4; Ne 8:2,3).

Talvez o livro que trata mais do assunto de disciplina das crianças seja o livro de Provérbios, que foi escrito por Salomão, pensando especialmente nos seus filhos (1:4,8,10, 15, 4.l, etc.).

Apesar das grandes mudanças tanto na sociedade como na cultura em nossos dias, tais ensinos são válidos para nós, e os que os seguem têm provado seu grande valor. Infelizmente, o mundo os tem desprezado, resultando em rebelião e mau comportamento por muitos jovens.

Salomão era pai de muitos filhos e foi usado por Deus para escrever bastante sobre a disciplina das crianças.

Antes de meditar nestas Escrituras, devemos entender que a palavra "disciplina" significa "colocar os pensamentos em ordem". A criança que pensa certo agirá na maneira certa. Isto nos mostra que uma parte importante deste processo é o ensino positivo pela qual a criança pode saber por que deve agir na maneira indicada pelos pais. Também há o lado negativo da disciplina que é a correção administrada no caso de desobedecer ao ensino dos pais. Uma ilustração destes dois lados é o processo de limpar o terreno e de plantar a semente, que mais tarde produzirá o fruto útil. Só limpar sem plantar não é suficiente, e só corrigir sem ensinar não é disciplina.

2. PERGUNTAS E RESPOSTAS

Podemos fazer quatro perguntas sobre a disciplina das crianças e procurar as respostas na Palavra de Deus, começando com o livro de Provérbios, e progredindo para o Novo Testamento.

A) POR QUE DISCIPLINAR?

Em primeiro lugar é prova do amor dos pais, pois "o que retém a vara aborrece a seu filho (Pv 13:24). Muitos pais não entendem esta verdade porque não sabem como usar a vara.

Em Prov. 22:15, Salomão explica que cada criança nasce com um problema no seu coração que ele chama de "estultícia", ou seja, "tolice". Em outras palavras, cada criança nasce uma pecadora com a tendência de desobedecer aos seus pais. Davi reconheceu este fato em Salmo 51:5, e todos os pais têm provas desta verdade, pois geralmente a criança não demora muitos meses para começar a exigir sua própria vontade, e mesmo antes de saber falar, já sabe como adquirir o que quer! A disciplina é o caminho ordenado por Deus para endireitar esta tendência.

Em Prov.23:13,14, Salomão procede a mostrar que este assunto é importantíssimo e terá influência sobre a salvação da criança mais tarde. A razão por isto é que a criança que aprende cedo a respeitar seus pais, mais tarde respeitará outra autoridade, como a lei do país e a Palavra de Deus. Assim, evitará o caminho, o caminho largo e obedecerá ao Evangelho. Sempre há exceções a esta regra, mas geralmente a criança bem disciplinada não apartará dos bons caminhos aprendidos e é salvo ainda jovem (Prov. 22:6).

Em Prov. 29:15,17, aprendemos que todo o que dá ouvidos a este ensino terá prazer em seus filhos mais tarde, mas quem não obedece terá tristeza e vergonha.

B) QUANDO COMEÇAR A DISCIPLINAR?

Muitos pensam que uma criança de um ano não sabe nada e por isto não precisa de disciplina, mas isto está longe da verdade. Em Prov. 13:24, Salomão nos ensina que a disciplina deve começar CEDO, isto é, quando começa a aparecer a estultícia. As crianças são diferentes, mas geralmente dentro de poucos meses precisam de correção em aprender que não receberão tudo que querem quando é contra a vontade dos pais. As crianças têm de aprender cedo ceder à vontade dos pais. Chegará o tempo quando a vara é necessária por causa da desobediência. Em Prov. 19:18, Salomão mostra que há prazo para este processo "enquanto há esperança'. Alguém comparou este prazo com o "cimento novo" que pode ser moldado apenas durante um certo tempo, mas não depois. Os primeiros cinco anos são de grande valor neste sentido. Vemos exemplos de crianças bem criadas desde cedo em Moisés, Samuel e Timoteo, que mais tarde tornaram-se homens de Deus.

C) COMO DISCIPLINAR?

Salomão também nos ajuda aqui e em Prov. 19:18 lemos que o uso da vara é sempre com controle e não com raiva e violência. As falhas aqui têm provocado mudanças nas leis protegendo a criança dos abusos, mas infelizmente estas leis têm ignorado a Palavra de Deus que recomenda o uso controlado da vara. Sempre neste caso devemos obedecer a Deus (At 4:19). O uso da vara é com amor, explicação e nunca como expressão de vingança. A criança deve saber que está recebendo a vara, não simplesmente porque desagradou aos pais, mas porque se continuar naquele caminho haverá grande prejuízo, e é isto que os pais não querem porque amam seu filho. Este tratamento tem de ser pontual e com firmeza para deixar uma lembrança que servirá na próxima vez que vem a tentação. Se não houve mudança no comportamento a "disciplina" falhou. Foi nisto que Eli falhou e a sua "disciplina" não prestou. Desobediência não deve ser tolerada e crianças bem disciplinadas nunca dizem "não" aos seus pais e vêm imediatamente quando chamadas. Embora Salomão menciona muito a vara, não é somente com a vara que podemos disciplinar nossos filhos e às vezes perdendo um privilégio ou prazer esperado será mais eficiente em evitar a repetição do erro. Não será necessário usar muito a vara se for aplicada na maneira certa, e só uma palavra, ou até um olhar, deve corrigir o comportamento errado do filho, pois bem sabe o que vai receber se continuar.

Passando para o Novo Testamento, em Efes. 6:4, lemos "Pais não provoqueis vossos filho". Às vezes criamos rebelião em nossos filhos sem saber. Nunca devemos contar mentiras à criança como "o bicho te pegará" etc., pois logo ela descobre que o "bicho" não chega, e que os pais falam mentiras. Ameaçando sempre que "você vai apanhar", mas nunca "apanhando", é sem valor como disciplina. Também, devemos evitar críticas destrutivas e públicas que humilham as crianças, e as fazem mais rebeldes. Parcialidade entre filhos produz rebeldia e problemas mais tarde, como vemos nos filhos de Jacó, porque ele amava José mais que os outros, e deu-lhe presentes especiais. Também, exigindo coisas desnecessárias, só para mostrar nossa autoridade na presença de outros, produz falta de respeito nas crianças, como vemos no caso de Saul com Jônatas (I Sam.14:28 a 30). Devemos sempre lembrar que a criança fará comparações com o que nós falamos e o que fazemos, e qualquer diferença anulará o valor da nossa palavra. O exemplo dos pais vale mais do que suas palavras. Mesmo Salomão escrevendo bons conselhos para seu filho, Roboão, no Livro de Provérbios, ele nem sempre deixou um bom exemplo, pois Roboão percebeu esta diferença e não obedeceu os bons ensinos do seu pai.

Efésios 6:4 apresenta o lado positivo na disciplina: "mas críaí-os na disciplina e na admoestação do Senhor". Isto mostra o valor de ensinar a Palavra do Senhor em casa com a família desde cedo. As crianças gostam de ouvir a Palavra e logo entendem os ensinos do Senhor que mostram os perigos do pecado e o valor da obediência ao Senhor. Também é necessário ensinar-lhes em casa a ficar quietas durante o estudo da Bíblia, e assim o "culto doméstico" servirá para treinamento nas reuniões da igreja. Sempre haverá necessidade de lembra-las antes de sair para a reunião por que devemos ficar sentados e em silêncio na casa de oração. Silêncio é necessário para que todos possam se concentrar na Palavra de Deus, oração, adoração etc., porque Satanás quer tirar a boa semente (Lc.8:12) e interromper a atenção dos ouvintes, e desta forma usar nosso filhinho nisto! Também o silêncio ajuda o pregador a concentrar-se na sua mensagem (At 13:16; 21:40) e denota reverência ao Senhor que está presente no meio (Mt 18:20; Hb-12: 28). Outra coisa que os pais devem ensinar em casa é o respeito pela propriedade dos outros, e não deixar seus filhos subtrair objetos nas casas, lojas, carros etc.. Isto treinará a criança para mais tarde evitar a tentação de levar as coisinhas de outros na escola, e assim não será ladrão mais tarde.

D) QUEM DISCIPLINA?

É notável que o pai é sempre mencionado como o responsável neste sentido (veja Ef 6:4; Colos. 3:21; Hb 12:7,9). Por exemplo, a palavra "pais" em Ef 6:1, inclui pai e mãe, mas "pais" em 6:4 é masculina (o pai mesmo). Como "cabeça" do lar (I Cor. 11:3; Ef 5: 23) é ele quem deve administrar a disciplina em casa. No caso onde o pai não pode estar presente, talvez por motivo de viagem, ou porque está doente, a mãe terá de fazer esta parte sozinha. O casal trabalha junto neste assunto e deve estar de acordo sobre o padrão usado. Qualquer diferença entre eles deve ser resolvida fora da presença dos filhos, e se, por necessidade na ausência do pai, a mãe disciplina, será como o pai faria. Os pais muitas vezes não fazem a sua responsabilidade, e não há acordo entre os pais. Às vezes, por causa da morte do pai, ou mãe, é necessário que a criança seja criada por outros, mas isto deve somente ser permitido no caso onde não há alternativa. O costume moderno de dar filhinhos para livrar seus pais solteiros das suas responsabilidades é causa de aumento de pecado e tras grandes problemas na vida destas crianças mais tarde.

3. O EXEMPLO DE DEUS (Heb. 12:7-11)

Em terminar, notamos o exemplo neste assunto que Deus nosso Pai deixou. Ele disciplina TODOS seus filhos sem parcialidade porque Ele os ama e quer o seu eterno bem. Seu objetivo é que sejamos mais como Ele é e Ele é o EXEMPLO de santidade que Ele exige dos Seus filhos. Também, Ele nunca evita a disciplina porque trás tristeza na hora, mas Ele olha mais para frente e quer fruto e alegria permanente na Sua família. É assim que devemos pensar e agir na disciplina dos nossos filhos.



PROBLEMAS NO CASAMENTO

Seria bom se não tivesse necessidade para pensar neste aspecto do casamento, mas o fato é que hoje existem muitos problemas de casamento e os salvos nem sempre escapam. Lendo no Antigo Testamento vemos que não é uma coisa nova porque muitos dos grandes servos de Deus enfrentaram problemas nas suas famílias também. Contudo, estes problemas estão crescendo rapidamente e no mundo hoje mais ou menos a metade daqueles que se casam pensando em ficar juntos até a morte, logo descobrem que são "incompatíveis" e que não podem viver mais um dia juntos! Mesmo em muitos casamentos dos salvos, onde o divórcio não é aceito, existem problemas, muitas vezes bem escondidos, que impedem a comunhão no lar e o serviço ao Senhor.

Sem dúvida estes problemas não são a vontade do Senhor, e queremos examinar agora a raiz donde vêm para que, mesmo se não temos problema matrimonial agora, podemos estar prevenidos e preparados. "Prevenir é melhor do que remediar". Uma coisa é certa, Satanás, o "leão que ruge", bem sabe o valor dum casal unido no trabalho de Deus, e procura "devorar" esta unidade espiritual para que o casal não trabalhe mais juntos no serviço de Deus.

Antes de continuar com o casal de salvos, devemos relembrar que o jugo desigual com certeza trará problemas sérios neste sentido. Sansão desobedeceu à Palavra de Deus e o conselho dos pais neste sentido e casou com a mulher incrédula porque "agradou os seus olhos". Não demorou que apareceram problemas sérios e separação neste casamento (Juizes 14). O salvo que se casa com descrente está desobedecendo o Senhor e colherá as conseqüências doloridas desta desobediência (2 Co 6:14-18).

APANHANDO AS "RAPOSINHAS"

Pensando agora no caso de cônjuges salvos, logo passa a "lua de mel" e o casal enfrenta a realidade da vida juntos e logo descobre que o casamento traz grandes responsabilidades e bastante trabalho. Provavelmente começam a perguntar a si mesmos porque corri tanto para casar?

O livro de Cantares de Salomão era usado muito nos casamentos dos judeus porque nele nós achamos as palavras dum novo casal no seu "primeiro amor". As palavras repetidas pela esposa: "O meu amado é meu, e eu sou dele" (2:16; 6:3; 7:10) expressam a alegria e contentamento daquele casal e muitas vezes são aplicadas em ilustrar a alegria da igreja no Senhor Jesus Cristo. Contudo, devemos lembrar que o assunto deste livro é as experiências dum casal recém-casado, e podemos aprender deles nestas experiências.

Evidentemente a moça trabalhava no campo dos seus pais perto de onde o rei Salomão também tinha seu rebanho. Assim encontraram e começou a amizade que levou ao seu casamento feliz que produziu este cântico de Salomão. Em 2:15 lemos algo surpreendente quando ela disse que as "raposinhas" estavam estragando as suas "vinhas". Um dos problemas sérios para quem produzia vinho naquele país era que as raposinhas no campo faziam cair as flores antes que as uvas formassem, assim destruindo qualquer esperança duma boa colheita, e conseqüentemente, da produção do precioso vinho. Neste contexto, e lembrando que na Escritura o vinho é figura da "alegria verdadeira" (Salmo 104:15 etc.),este versículo indica que ela percebia que a primeira alegria do casal já estava sendo ameaçado por coisinhas que poderiam trazer grande prejuízo mais tarde. Assim, vemos a preocupação dela para apanhar aquelas "raposínhas" o mais cedo possível.

Queremos agora identificar seis das "raposinhas" que aparecem muitas vezes no casamento e que devem ser apanhados cedo. Já temos notado no último estudo sobre as responsabilidades diferentes do casal no casamento e assim sabemos que a insubmissão da mulher e a falta do amor verdadeiro do marido são as duas coisas principais que trazem problemas no casamento. Contudo, há outras coisas que trazem problemas, se não apanhadas cedo.

1. A FALTA DE CONSIDERAÇÃO (1 Pe 3:7)

Esta "raposinha" provavelmente é causada mais pela falta do amor do marido quando ele esquece da sua responsabilidade em cuidar bem da sua esposa. No começo geralmente há bastante consideração um para com o outro e o marido procura ajudar sua esposa nos trabalhos mais pesados. Com tempo, e especialmente quando vêm as crianças, o trabalho em casa aumenta muito, mas ele às vezes esquece disto e dá menos ajuda para ela. Seu trabalho, amigos, etc. ocupam muito do seu tempo e ela sente-se "escravizada". Maridos que viajam muito no seu trabalho precisam comunicar freqüentemente e dar toda a assistência possível.

Também, algumas esposas às vezes mostram falta de consideração para seus maridos e exigem muita atenção. Vemos um exemplo disto em Ct 5:2-6 quando a esposa recusou a levantar-se para abrir a porta da casa quando o marido chegou tarde do seu trabalho.Depois, ela arrependeu-se quando descobriu que ele já tinha ido embora.

2. A FALTA DE COMUNICAÇÃO (Mt 18:15)

Muitas vezes o casal não se expressa bem sobre as coisinhas que acham ofensivas. Naturalmente haverá diferenças de opinião e de gosto, pois a criação dos dois era diferente. Há a tendência de comparar um e outro com seus pais e reclamar porque a esposa não sabe cozinhar como sua mãe, etc. Coisinhas que consideramos "engraçadas" quando namorados, podem tornar-se 'insuportáveis" no casamento. Nestes casos é necessário que o casal converse francamente, e não falar para outras pessoas ou parentes sobre estes problemas. Se não comunicarmos, a "pressão" aumenta e haverá "explosão" feia. Mesmo neste caso, não devemos guardar amargura, mas logo fazer as pazes e pedir desculpas (Ef 4:26).

3. A FALTA DE CONTENTAMENTO (1 Tm 6:6; Hb 13:5)

No começo, o casal não procura grandes coisas e f ica contente com coisas simples achando todo seu prazer na pessoa amada. Contudo, com tempo há a tendência de começar a observar o que outros têm e desejar ser mais como eles. Com isto vem a tentação a comprar "sem dinheiro" para pagar mais tarde. Dívidas são "raposinhas" perigosas no casamento e devem ser evitadas (Rm 13:8) porque se não pudermos pagar a parcela no tempo marcado, vem a vergonha e muitas vezes a esposa sente que deve estudar de noite e trabalhar de dia para ajudar o marido financeiramente. Se tiver criancinhas, esta separação da mãe traz prejuízo porque os filhinhos são criados por outros e, muitas vezes, por pessoas descrentes que mostram um exemplo ruim.

4. A FALTA DE CONSAGRAÇÃO (Rm 12:2)

O casamento traz uma nova liberdade para o casal porque está livre da autoridade dos pais e pode escolher usar coisas do mundo que talvez seus pais não usaram. Se conformarmos com o mundo e aceitarmos as suas coisas em casa, o crescimento e utilidade espiritual do casal sofrerão, gastaremos muito tempo sem edificação e haverá mais tentação para imitar aquilo que o mundo faz (1 Jo 2:15-17). O nível baixo da família apresentado pelas novelas e filmes é "veneno" para o casamento e para a família.

5. A FALTA DE CONFIANÇA (Gal. 5:20)

Uma das obras da carne que se manifesta às vezes no casamento é "ciúmes". A pessoa sente-se ofendida, ou traída, porque suspeita que há infidelidade, mesmo quando o cônjuge apenas fala com outras pessoas. Precisamos entender que no trabalho do lar, e fora dele, há necessidade de intercâmbio social, e que, dentro dos limites da santidade bíblica,isto não indica infidelidade ou impureza. Satanás é mestre em acusar falsamente para separar famílias e acusações sem provas não devem ser ouvidas seriamente.

6. A FALTA DE CASTIDADE (1 Co 7:5)

Um aspecto do casamento é que traz uma proteção contra a impureza sexual. Se os problemas menores não são tratados cedo, haverá uma separação no lado físico do casamento. Neste caso Satanás procura tentar à impureza, e infelizmente, o salvo também pode cair nesta armadilha, como aconteceu com Davi. Por isto, disse Paulo, as relações normais somente devem ser cortadas com "mútuo consentimento" e,por pouco tempo por causa de necessidades espirituais, mas nunca como forma de vingança.

Se acontecer a infidelidade, antes de julgar quem caiu e pensar em separação, a pessoa traída deve procurar examinar se não houve falta nos dois lados antes que aquilo aconteceu. Onde houve falhas, há necessidade do arrependimento genuíno (que deixa o pecado), e do perdão completo (que procuraesquecer da ofensa) (Pv 28- 13 ;Ef 4:31,32; Hb 10: 17).

SERÁ QUE HÁ SOLUÇÃO?

Muitos casais, achando que não há solução para seus problemas matrimoniais, e ouvindo conselhos errados, chegam ao ponto de pensar numa separação. Contudo, esta nunca é a solução. O que é impossível para nós é possível para Deus, mas há condições.

Em João 2:1-11, vemos um casamento que começou com problema - faltou o vinho, e a alegria acabou logo. O que fazer? Felizmente o Senhor Jesus tinha sido convidado e Ele fez o que era impossível aos homens. Notamos o bom conselho de Maria naquela ocasião: "Fazei tudo o que ele vos disser". Observamos também que Ele não fez a parte deles quando mandou que enchessem os potes grandes com água e que levassem ao mestre-sala. Contudo, QUANDO OBEDECERAM TOTALMENTE a Sua ordem, Ele fez o que eles não puderam fazer- transformou a água em vinho, e foi o melhor vinho do casamento! Votou a alegria completa no casamento.

Não existe casamento sem problema, mas não existe problema sem solução. Todos os problemas de casamento têm sua raiz na desobediência à Palavra do Senhor. A solução é em reconhecer CEDO estas falhas e voltar humildemente para onde deixamos o caminho do Senhor. Fazendo isto, embora que levará tempo, o casamento melhorará e não piorará. Reconhecemos que não é fácil restaurar a flor que as raposas tem feito cair, mas outra flor pode crescer no lugar daquela, pois a raiz ainda vive, e enquanto há vida, há esperança. Se tivermos perdido uma colheita, não é motivo de arrancar a vinha que produzia tanta alegria. Com paciência, haverá outra colheita, e pode ser a maior.

O DIVÓRCIO

Antes de considerar os ensinos Bíblicos sobre o divórcio, seria bom lembrar algumas coisas em geral sobre a interpretação das Escrituras que têm influência sobre este assunto. A interpretação correta terá o apoio de toda a Escritura, mas nem sempre será como nós pensamos ou sentimos (2 Pedro 1:20). Também temos de manejar bem a Palavra, lembrando que há diferença entre Israel e a igreja (I Cor. 10:32 e II Tim. 2:15) e que não acharemos a doutrina para a igreja no Antigo Testamento, nem nos Evangelhos, mas nas cartas dos apóstolos (At 2:42). Trechos nos evangelhos, que não achamos nas cartas, muitas vezes são dirigidos ao povo de Israel, e não à igreja. Por exemplo, Mateus 24 revela o futuro dos judeus no tempo da tribulação que é muito diferente do futuro da igreja, revelado em I Tes 4:13-18. Veremos a importância destas coisas durante a meditação sobre o divórcio.

1. DIVORCIO NO ANTIGO TESTAMENTO

A) Deut 24:1-4: O divórcio não apareceu até os dias de Moisés, mais ou menos três mil anos depois do primeiro casamento. Os desvios do plano divino (de um homem com uma mulher para a vida inteira, vieram em etapas, primeiro a bigamia (Gen. 4), depois a poligamia (Gen. 6), e por fim o divórcio (Deut.24).Moisés não "ordenou" o divórcio, mas o "permitiu" por causa da dureza dos corações daquele povo que queria deixar suas esposas e casar com outras (Mat.19:7,8). Notamos também que somente os homens receberam esta permissão pela lei, e somente no caso de "coisa feia" descoberta na esposa. Havia muitas opiniões entre os judeus sobre estas "coisas feias" e alguns divorciavam simplesmente porque sua esposa não cozinhava como eles queriam. Evidentemente as "coisas feias" não incluíam o adultério, pois este pecado foi julgado com a morte (Deut. 22:22).

B) Malaquias 2:15,16: Os abusos desta lei aumentaram com tempo e no fim do Antiqo Testamento o Senhor condenou a infidelidade dos maridos às suas mulheres e disse que Ele "odeia o divórcio". Esta afirmação, sem qualquer exceção, ensina-nos como Deus ainda pensa sobre o divórcio nos dias de desvios em que vivemos. O fato que Ele permitiu divórcio na lei não indica que é a Sua vontade, como também o fato que ele permitiu o rei Saul em Israel não indicou que esta foi a Sua vontade. Deus respeita a vontade do homem e não impedirá seus desejos errados, mas avisa que haverá conseqüências dolorosas por causa deste desvio da vontade de Deus.

2. DIVORCIO NOS EVANGELHOS

A) Mateus 5:31, 32: Aqui Cristo citou Deut. 24:1 e as palavras "Eu, porém, vos digo", usadas várias vezes neste capítulo, mostram que a nova aliança exige uma santidade maior do que a lei de Moisés. Notamos também que aqui o divórcio é permitido somente para o homem, e apenas no caso da prostituição da mulher (Mat. 5:32 -Corrigida). A explicação desta permissão será dada logo mais.

B) Mateus 19:3 a 12: Aqui, voltando para o primeiro casamento, e não à lei, o Senhor ensinou os fariseus claramente sobre a indissolubilidade do casamento como planejado por Deus desde o princípio. Mais uma vez, a permissão é dada (v.9) para o homem divorciar sua mulher no caso da sua "prostituição". Muitos pensam que Cristo aqui deu a permissão para todos cujos cônjuges têm sido infiéis, a procurarem o divórcio, mas há várias razões importantes que mostram que este não é o caso.

É somente em Mateus que esta cláusula é dada. Em Marcos 10: 10,11 e Lucas 16:18, onde Cristo ensinou sobre o divórcio, ela não aparece. Lembrando o que foi mencionado no início sobre manejando bem a "Palavra", devemos lembrar que Mateus foi usado para escrever principalmente com o JUDEU em mente, e que nem tudo que escreveu tem aplicação para a igreja.

A base desta permissão é por causa da PROSTITUIÇAO da mulher (Corrigida). Reconhecendo que a palavra "pornéia", que o Senhor usou aqui, às vezes pode ser traduzida " relações sexuais ilícitas" ou "fornicação", nunca deve ser traduzida assim quando a palavra "moicheia" (adultério) também está no mesmo versículo, como aqui, pois neste caso Deus fala sobre dois pecados diferentes, e não somente sobre impureza sexual em geral. Prostituição é participar no ato sexual antes de ser casada. Adultério significa a relação sexual depois, mas fora do casamento.

Em Marcos 7:21, onde também os dois pecados são mencionados juntos, a Bíblia Atualizada corretamente usa "prostituição" e isto nos faz perguntar porque não foi traduzida assim em Mat. 19:9? Possivelmente os tradutores não entenderam como a mulher casada pode praticar a prostituição.

A dificuldade sobre como a mulher casada podia praticar a prostituição é facilmente explicada se lembrarmos do contexto judaico do Evangelho de Mateus. Pela Lei o casal era considerado marido e mulher desde o começo do DESPOSADO, mas não tiveram relações sexuais até o dia das bodas, mais ou menos um ano depois. Se acontecesse infidelidade na mulher durante este período, o casamento podia ser anulado pelo divórcio, e, se o homem quisesse, ela podia ser a apedrejada de acordo com a lei. No caso de José e Maria, que estavam neste tempo "desposado", José pensou em divorciar Maria pela infidelidade suspeitada nela antes que o anjo o esclarecesse (Mt 11: 18-25). Este é o caso governado pela cláusula em Mateus 5:19.

Para esta cláusula ter aplicação para a Igreja hoje, seria necessária a repetição dela nas cartas dos Apóstolos, pois a base da Igreja desde o princípio foi a doutrina dos Apóstolos ( Atos 2:42).

C) Marcos 10:11,12 e Lucas 16:8 -: Estes trechos ensinam claramente que o homem ou mulher que se divorcia e casar de novo, por qualquer motivo está vivendo no pecado do adultério. O casamento original ainda é válido aos olhos de Deus e não há exceção qualquer mencionada aqui.

3. A DOUTRINA DOS APÓSTOLOS

Quando examinarmos a doutrina dos apóstolos que é a base para a igreja, não achamos a

Cláusula de Mateus em qualquer lugar nas cartas. Este fato é de suma importância em entender a vontade de Deus para Sua igreja hoje.

A) Rrn 7:2,3. Aqui o assunto não é o matrimônio, mas Paulo usa o matrimônio como figura da nossa posição em Cristo. Contudo, esta comparação revela que ao seu ver inspirado, o casamento pode ser anulado somente pela morte.

B)I Co 7:15. Sendo que o assunto aqui é casamentos infelizes, esperaríamos uma menção aqui da cláusula de Mateus, se aplicasse à igreja, mas não aparece. O ensino geral e claro do trecho é que o salvo nunca deve procurar uma separação.

C) 1 Co 7:39. A morte anula o casamento permitindo o segundo casamento da pessoa viúva, se for indicado pelo Senhor.

D) Ef 5:22-32. Aqui o casamento é comparado à união que existe entre Cristo e a igreja. O divórcio estraga completamente esta figura. (Lembramos da severidade com que Deus tratou Moisés por ter estragado uma figura do Senhor Jesus Cristo - veja Num. 20:11,12; Dt 3:23-27).

4. CONCLUSÃO

Por causa destas considerações bíblicas, cremos que o divórcio não é opção divina para casados com problemas, mesmo no caso de adultério. O fato que é permitido pelas leis do pais não é suficiente para a igreja seguir o mundo neste caso. As leis estão mudando rapidamente na direção contra a Palavra de Deus, como também nos casos de disciplina de crianças e sobre homossexualidade. Já chegou a hora para aplicar Atos 4:19, e "ouvir a Deus antes dos homens"nestes casos.

5. OBJEÇÕES

Muitas vezes versículos são citados para procurar justificar o divórcio em certos casos. O argumento sobre o sofrimento da parte inocente quando acontecer infidelidade é muito tocante, e sem dúvida este sofrimento merece nossa profunda compaixão e consolação, mas temos de lembrar algumas coisas importantes. Nem sempre Deus tira o sofrimento porque quem sofre é o inocente. Por exemplo, os escravos na igreja primitiva sofriam injustamente, mas não podiam rejeitar tal sofrimento. Os que nascem cegos, deformados, etc. sofrem inocentemente, mas ficarão assim até a morte. Outra coisa, às vezes não há parte completamente inocente no casamento infeliz, pois a infidelidade pode ser provocada pela desobediência da outra parte à Palavra de Deus como, por exemplo, exemplo I Cor. 7:5 e as relações foram paradas sem consentimento mútuo. Outra coisa, talvez o maior sofrimento inocente será causado pelo divórcio - o sofrimento dos filhos inocentes.

Talvez a objeção mais comum é que se o divórcio e novo casamento aconteceram quando eram descrentes, não há mais problema porque " as coisas velhas já passaram e agora tudo é novo" desde a conversão (II Co 5:17). Contudo o contexto deste versículo mostra que o que já passou é a nossa atitude orgulhosa e pecaminosa de viver para nós mesmos (v.15) e a condenação eterna que este pecado merece. As conseqüências do pecado com relação desta vida não terminaram com a conversão, e muitas vezes precisam de uma restituição, e às vezes duram para a vida inteira. Por exemplo, o casal que vivia junto sem casar antes de converter-se ainda precisa casar-se legalmente para ter comunhão com a igreja; O homem que se converteu na prisão não sai livre porque agora é nova criatura, mas ainda tem de pagar a dívida perante a sociedade. O homem que perdeu seu olho na briga quando descrente não recebe a vista quando se converter, ficará cego até a morte. Davi foi perdoado, mas sofreu as conseqüências da sua impureza até o fim da sua vida. A verdade desagradável "não vos enganeis, aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Gal. 6:7). continua em vigor depois da conversão.

O uso de I Cor 6:11 para receber pessoas divorciadas e novamente casadas na comunhão da igreja como "novas criaturas",esquece algo importante. Aquelas pessoas em Corinto não continuavam a viver na impureza depois de crer, e os versículos seguintes ensinam a necessidade de deixar estes pecados. Quem vive com quem não é o primeiro cônjuge (e nunca foi viúvo) ainda vive em pecado, e isto precisa duma correção antes de estar em comunhão com a Palavra de Deus e com a Sua igreja, pois o impuro não pode ser recebido em comunhão (I Co 5:11). A restituição possível (embora muito dificel) neste caso seria a separação deste pecado de adultério. Estes são "eunucos por causa do reino os céus ", (Mt 19:12) e muitos têm feito isto para servir ao Senhor e não ser obstáculo ao cônjuge legítimo arrependido.

Em I Cor. 7:17, 20,24, a "vocação em que foi chamado" não fala sobre pessoas divorciadas antes da conversão, mas sobre circuncidados e não circuncidados,escravos e livres,como o contexto prova. O apelo baseado na compaixão do Senhor em perdoar a mulher adúltera em João 8, esquece das últimas palavras do Senhor para ela: "Vai-te e não peques mais ".

Sabemos que há situações muito complicadas, e irreversíveis, mas que estas considerações solenes possam ajudar-nos a entender melhor a indissolubilidade e santidade do casamento e ajudar casais com problemas resolver estes problemas sem pensar no divórcio, mas no arrependimento e no perdão verdadeiro (I Jo 1:9; Ef 4:32).